- mell280
22/10/2025 08h47
Com apoio do ACNUR, refugiadas recebem treinamento e capital semente para empreender
Primeira turma do projeto Refugiadas Empreendedoras, desenvolvido em parceria com o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, formou 20 mulheres no Rio Grande do Sul
O empreendedorismo, mesmo que por necessidade, acaba sendo a forma com que muitas pessoas refugiadas e migrantes encontram para a inserção socioeconômica no Brasil. Entre as mulheres, ter o próprio negócio também acaba sendo uma forma de conseguir administrar as diferentes jornadas e de contornar a falta de oportunidades de acesso ao mercado formal de trabalho, em especial quando não se tem uma rede de apoio para o cuidado com os filhos. Sabendo dessa realidade, a Agência da ONU para Refugiados e o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) formaram, na última sexta (17/10) em Porto Alegre (RS), a primeira turma do curso Refugiadas Empreendedoras.
No total, 20 mulheres participaram do curso. A formação de 20 horas incluiu aulas e atividades práticas sobre as diferentes áreas e etapas que envolvem a abertura de um pequeno negócio no Brasil – desde pesquisa de mercado e análise de concorrência até lançamento de produtos, campanhas de divulgação, fluxo de caixa e gestão de Recursos Humanos. Todas as concluintes que cumpriram a carga horária também receberam um pequeno valor, em forma de capital semente, para o investimento inicial que precisam para empreender.
A venezuelana Tania Alvares está há cinco anos no Brasil e já produz bolos e salgados para compor sua renda familiar. Ela destaca a importância do curso para profissionalizar e formalizar as atividades. “O curso foi muito importante e completo, mesmo em apenas 20 horas. Aprendemos coisas muito importantes, como separar custos fixos e variáveis, saber a compor a nossa renda já separando os gastos com aluguel, gás, água, energia, e só depois saber quanto é o lucro de verdade”, explica. Ela pretende seguir estudando e abrir a própria confeitaria. “Esse curso me ajudou muito, me sinto mais preparada para minha nova história.”
Após a conclusão do curso, as alunas iniciam um processo de incubação, que consiste no acompanhamento com mentorias, on-line ou presenciais, pelo período de 90 dias. Também receberão contato semanais para acompanhar o planejamento e o desenvolvimento do negócio, considerando o investimento inicial por meio do capital semente.
Depois de quatro anos trabalhando no Brasil com carteira assinada, a venezuelana Maria Luísa Zerpa precisou deixar o emprego para cuidar da filha pequena. Há seis meses, ela tira o sustento da venda de doces e bolos. “Fiz curso on-line de confeitaria e já faço algumas encomendas. Com o que aprendi no curso, vou conseguir abrir meu MEI e vou poder começar a vender por aplicativo. Agora eu também sei se estou cobrando o valor certo do meu produto”, afirma. Para ela, o capital semente é o incentivo que faltava para profissionalizar o negócio. “O capital semente vai me ajudar porque eu preciso ter alguns materiais em casa. Assim, quando tiver uma encomenda, eu já tenho esses materiais e posso fazer o pedido. Também vou poder, talvez, montar um café na minha casa, onde eu possa vender bolos e doces”, planeja.
Oferecido pelo ACNUR em parceria com o SJMR, o curso Refugiadas Empreendedoras foi conduzido por equipe da Agência Besouro de Fomento Social, que também seguirá com as mentorias e um estudo sobre a efetividade da iniciativa.