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Bem-estar animal avança na suinocultura, mas resistência a antibióticos ainda ameaça saúde pública


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  • mell280

30/10/2025 15h33

Bem-estar animal avança na suinocultura, mas resistência a antibióticos ainda ameaça saúde pública

Jéssica Amaral - DePropósito Comunicação de Causas


A 4ª edição do relatório Porcos em Foco: Monitor da Indústria Suína Brasileira, que foi publicada pela organização internacional Sinergia Animal em 29 de outubro, revela que, embora algumas empresas do setor suinícola brasileiro tenham dado passos importantes em direção ao bem-estar animal, a resistência em adotar sistemas totalmente livres de gaiolas de gestação e o uso indiscriminado de antimicrobianos ainda representam sérios desafios éticos e de saúde pública.

 

 

O destaque positivo deste ano é a Ecofrigo, que alcançou a maior pontuação registrada desde a primeira edição do relatório e subiu para a Categoria B no ranking geral. A empresa anunciou uma política abrangente de bem-estar animal, incluindo a adoção do sistema “cobre e solta” em novas unidades, o fim do uso contínuo de celas de gestação nas unidades existentes, o banimento de procedimentos dolorosos em leitões (como castração cirúrgica e corte de caudas e dentes) e a eliminação do uso não terapêutico de antimicrobianos. Com isso, a Ecofrigo se torna a única grande produtora brasileira a utilizar antimicrobianos exclusivamente em animais doentes.

Aurora Coop, uma das três maiores produtoras de carne suína do Brasil, também subiu de categoria ao anunciar que novas unidades serão construídas exclusivamente com o sistema “cobre e solta”, eliminando o confinamento de porcas em gaiolas de gestação em novas granjas. Essa medida deve representar um impacto significativo para milhares de animais e marca um avanço importante para o setor.

Em contrapartida, a Frimesa é a única, entre as seis maiores produtoras do país, que ainda não assumiu o compromisso público de eliminar totalmente o uso de gaiolas de gestação em novas unidades. Isso significa que a empresa segue construindo novas granjas que mantêm porcas confinadas por até 42 dias em gaiolas de gestação, prática amplamente criticada por especialistas em bem-estar animal e já abandonada por diversas companhias globais. [Confira mais sobre a prática no Media Center da Sinergia Animal]

Além dos compromissos relacionados ao bem-estar dos animais, o relatório chama atenção para outro ponto crítico: o uso indiscriminado de antimicrobianos na suinocultura brasileira. A prática, muitas vezes aplicada de forma preventiva ou para promover crescimento desses animais, contribui para o aumento da resistência antimicrobiana (RAM), um dos maiores riscos à saúde global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A resistência reduz a eficácia de antibióticos essenciais tanto na medicina humana quanto na veterinária, configurando uma grave ameaça dentro da perspectiva de Saúde Única (One Health), que reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal e ambiental.

“Os compromissos da Ecofrigo e da Aurora mostram que é possível avançar de forma responsável. Mas ainda estamos diante de uma indústria que, em grande parte, mantém práticas ultrapassadas e de alto impacto, tanto para os animais quanto para a saúde pública”, afirma Raquel Ribeiro Borges, líder de Relações Corporativas da Sinergia Animal.

O Porcos em Foco 2025 avaliou 16 empresas brasileiras do setor de carne suína, classificando-as em seis categorias, de A (melhor) a F (pior), com base em seus compromissos e políticas de bem-estar animal. Nenhuma empresa atingiu a Categoria A.

Principais destaques do Porcos em Foco 2025

  • Ecofrigo sobe da Categoria F para a B, com uma das políticas de bem-estar mais completas do país. É a única grande empresa da suinocultura brasileira a assumir o compromisso de banir totalmente o corte de caudas de leitões e o uso não terapêutico de antimicrobianos em toda a sua rede de fornecimento.

  • Aurora Coop sobe da Categoria E para a C, com o compromisso de adotar o sistema “cobre e solta” em novas unidades, o que significa que todas as novas granjas serão construídas sem gaiolas de gestação.

  • A Frimesa é a única entre as seis maiores produtoras de carne suína do Brasil que segue construindo granjas que permitem o confinamento de porcas por até 42 dias em gaiolas de gestação.

  • O relatório alerta para o uso indiscriminado de antimicrobianos, associando a prática ao aumento da resistência antimicrobiana e ao risco global à saúde.

Sobre o relatório

Porcos em Foco 2025 é uma publicação anual da Sinergia Animal que avalia o desempenho das principais empresas brasileiras da suinocultura com base em critérios de bem-estar animal, transparência e responsabilidade corporativa.

Sobre a Sinergia Animal

Sinergia Animal é uma organização internacional que atua em países do Sul Global para reduzir o sofrimento dos animais na indústria alimentícia e promover sistemas alimentares mais éticos, compassivos e sustentáveis. A ONG é reconhecida como uma das mais eficazes do mundo pela renomada instituição Animal Charity Evaluators (ACE)Link para download do relatório: Baixe agora

 


iStock imagens

 


 





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