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Vendas da indústria de alimentos para o food service continuam a crescer acima do varejo, mas cenário é desafiador


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18/11/2025 08h15

Vendas da indústria de alimentos para o food service continuam a crescer acima do varejo, mas cenário é desafiador

Paulo Fortuna


  • Previsão é de R$ 287,1 bilhões em 2025, alta nominal de 10%
  • Inflação de alimentos, câmbio, juros altos e bets impactam o consumo de alimentação fora do lar
  • Dados inéditos foram apresentados no 18º Congresso de Food Service ABIA

 

 

 

 

As vendas da indústria de alimentos para o setor de food service (alimentação fora do lar) continuam a apresentar evolução, com crescimento superior à média do varejo alimentício, mas o cenário econômico é desafiador. Segundo projeção do Departamento de Economia da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), as vendas para o setor serão de R$ 287,1 bilhões em 2025, um aumento nominal de 10% sobre os R$ 260,9 bilhões no ano passado.

Os dados inéditos foram apresentados no 18º Congresso de Food Service, promovido pela ABIA na última quinta-feira (6/11), em São Paulo. O evento é um tradicional ponto de encontro dos líderes, especialistas e visionários do setor de alimentação fora do lar no Brasil, reunindo representantes da indústria, canais de distribuição, operadores, startups, instituições consultorias especializadas e estudantes de gastronomia para debater as transformações e os rumos do mercado de food service.

A participação projetada do food service na produção da indústria de alimentos é de 28,3% em 2025, pouco acima à registrada no ano passado (28%) e em 2023 (27,6%). O índice estimado de incremento de 10% nas vendas nominais da indústria para o food service em 2025 é similar ao do ano passado (10,4%). Para 2026, a previsão é de um crescimento de 8% a 9%. Já as vendas reais (descontado o índice de inflação IPCA do período) são projetadas em 2,5% em 2025 e de 2,5% a 3% em 2026. No ano passado, o crescimento das vendas nominais foi de 10,4% e de 5,2% nas vendas reais.

“Ainda que em ritmo moderado, é importante que as vendas do food service continuem a crescer, mas é preciso que as indústrias e operadores criem estratégias para que o mercado evolua. Devemos aprender a conhecer cada vez melhor os consumidores que frequentam nossos estabelecimentos para que possamos criar ferramentas, alavancas e processos que façam o mercado prosperar”, afirmou Joicelena Fernandes, coordenadora do Comitê de Food Service ABIA e diretora de Food Service na Seara Alimentos, que apresentou o panorama do segmento durante o Congresso.

A executiva destacou que há vários fatores positivos na economia que poderiam estimular fortemente o desenvolvimento do mercado no Brasil, entre eles a queda na taxa de desemprego (5,6% em agosto último), /considerando os setores público e privado) e o crescimento do índice de confiança dos consumidores (87,5% em setembro, conforme dados da FGV). Entretanto, a inflação dos alimentos fora do lar, que descolou do IPCA e alcançou no acumulado 8,24%, provoca um impacto negativo no consumo.

 “A inflação de alimentos é extremamente desafiadora porque impacta diretamente no custo do prato que o operador está oferecendo no mercado e, por consequência, afeta o número de visitas, o tráfego que temos dentro dos estabelecimentos”, explicou Joicelena.

De acordo com os dados da ABIA, a participação da alimentação fora do lar nos gastos do consumidor vem crescendo, ainda que moderadamente: foi de 29,4% em 2024, com projeção de 30% em 2025 e de 30,5% em 2026Em relação ao tráfego, foram 2,9 bilhões de visitas no terceiro trimestre deste ano, queda de 5% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o ticket médio subiu 7% (R$ 19,38%) e o gasto 2% (R$ 55,4 bilhões), na mesma base de comparação. Segundo a coordenadora externa do Comitê de Food Service,

Joice destacou, ainda, outros fatores de pressão para o food service, como a taxa de câmbio mais elevada, pressionando custos, e os juros em patamares ainda altos. Além disso, a disponibilidade e o custo de mão de obra também preocupam o .

Em relação aos fatores de estímulo ao crescimento do food service, a coordenadora citou o turismo doméstico em alta, que reforça a demanda em polos urbanos e regiões turísticas. Também destacou a digitalização (IA) e novos modelos de negócio, com a integração entre delivery, atendimento e gestão.

Em resumo, o crescimento em 2026 não será de expansão ampla, mas de ganho competitivoO diferencial estará na capacidade de crescer com rentabilidade em um mercado competitivo, digitalizado e pressionado por custos.

Apostas causam endividamento e impactam consumo

Ressaltado pela coordenadora externa do Comitê de Food Service da ABIA, o impacto da bets no aumento do endividamento da população e, consequentemente, com reflexo no consumo, também foi destacado na palestra “O Brasil de Hoje e os Desafios da Alimentação Fora do lar”, de Marcos Gouvêa, diretor geral da Gouvêa Ecosystem:“Mensalmente são gastos R$ 22 bilhões em apostas nas bets oficiais. Se somarmos as não oficiais, esse valor se aproxima de R$ 300 bilhões por ano, que estão sendo gastos em bets e saem do consumo, do food service e dos alimentos”, revelou. “Isso cria uma situação esdrúxula, porque as bets são menos taxadas que o comércio e o food service”, complementou.

Gouvêa também apontou os impactos negativos das altas taxas de juros para o food service. De acordo com ele, os rendimentos financeiros proporcionados pelos juros altos beneficiam os segmentos de renda mais elevada, estimulando o segmento de alto luxo que, entre 2022 e 2024, aumentou 26% no país. “O Brasil vive essa disparidade: os afluentes, que significam as pessoas de maior poder aquisitivo e o segmento de luxo, e os dependentes das bolsas e auxílios, que são 92 milhões de beneficiários”, salientou.

Indústrias se estruturaram para atender o food service

Em seu pronunciamento na abertura do Congresso, o presidente executivo da ABIA, João Dornellas, destacou que, ao longo dos 18 anos do evento, o setor de food service tem crescido em ritmo superior ao do varejo alimentar. “Esse movimento nos fez amadurecer: as indústrias associadas à ABIA se estruturaram e criaram equipes especializadas para desenvolver estratégias, produtos e serviços dedicados ao food service”, ressaltou.

“Isso se percebe na variedade do portfólio de soluções de adaptação que a indústria oferece ao setor de alimentação fora do lar. Estamos presentes no café da manhã, no almoço, nas pausas do dia, nas festas e nas celebrações. Quando citamos o food service, estamos falando de comida e nutrição, mas também de tradição e nostalgia, de criatividade, inovação, sabor e cuidado. Experiências únicas que nascem todos os dias neste setor tão dinâmico”, enfatizou.


Informações para a Imprensa

Bowler

Paulo Fortuna

(11) 96569-8872

Sobre a ABIA 

Criada em 1963, a ABIA é a maior representante da indústria de alimentos no País. Fazem parte da associação empresas produtoras de alimentos, bebidas, tecnologias e ingredientes: indústrias de pequeno, médio e grande portes, presentes em todo o território nacional, brasileiras e multinacionais que, juntas, representam cerca de 80% do setor, em valor de produção. A indústria de alimentos e bebidas é a maior do Brasil: processa 62% de tudo o que é produzido no campo, reúne 41 mil empresas, produz 283 milhões de toneladas de alimentos por ano, gera 2,075 milhões de empregos diretos e representa 10,8% do PIB do País. 

 

 


 





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