- mell280
18/11/2025 08h28
Atividade econômica cai 0,8% no 3º trimestre e indica perda de fôlego, mostra Banco Central
O IBC-Br, O Índice de Atividade Econômica do Banco Central, considerado um dos principais sinais de curto prazo da economia brasileira, registrou queda de 0,8% no terceiro trimestre deste ano.
O movimento ocorre em um ambiente de juros elevados. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, patamar que encarece o crédito, reduz o apetite de empresas por novos investimentos e limita o consumo das famílias. Na avaliação do Banco Central, essa desaceleração é compatível com a estratégia de conter a inflação e aproximá-la da meta.
Os dados mostram que a queda foi disseminada entre os principais setores. A agropecuária teve o pior desempenho do período, influenciada por quebras de safra e condições climáticas desfavoráveis. A indústria também registrou retração e segue afetada pelos custos financeiros altos e pela demanda mais fraca. O setor de serviços, responsável por mais de 70% do PIB, perdeu ritmo após meses de expansão, refletindo menor circulação de renda e desaceleração do mercado interno.
Por setor, o desempenho trimestral teve uma decaída de 4,2 na Agropecuária, 0,9 na Indústria e 0,2% em Serviços.
Em setembro, o indicador do BC caiu 0,1% em relação a agosto, revertendo a alta de 0,3% registrada no mês anterior. Na comparação com setembro de 2024, houve avanço de 2,1%. No acumulado de janeiro a setembro, o IBC-Br mostra crescimento de 2,5%, e, em 12 meses, de 2,8%.
O IBC-Br não substitui o PIB oficial, mas costuma antecipar tendências. O cálculo do IBGE considera outros componentes, como consumo das famílias, gastos públicos e investimentos, além de metodologia própria. O dado oficial para o terceiro trimestre será divulgado no início de dezembro.
Para Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial, a retração da atividade não impediu que o Brasil mantivesse boa percepção junto ao mercado externo. “O recuo na economia, combinado a juros altos e inflação sob controle, tende a reduzir o risco percebido por credores estrangeiros. Isso ocorre porque o país mantém disciplina monetária, reservas internacionais elevadas e estabilidade institucional, fatores relevantes para bancos e fundos que oferecem linhas de financiamento global”, explica Luciano.
“Embora o ambiente doméstico esteja menos aquecido, operações de crédito externo continuam sendo vistas como alternativas viáveis para empresas com capacidade de endividamento e exposição internacional, sobretudo exportadoras, companhias de infraestrutura e grupos com receita em moeda forte”, Explica o empresário.
Caso o ciclo de redução dos juros se confirme a partir de 2026, o custo de captação no exterior poderá melhorar, ampliando o espaço para investimentos privados e renegociação de dívidas corporativas.


