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Além da COP 30: Brasil desenvolve inovações para a pecuária sustentável


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  • mell280

18/11/2025 11h22

Além da COP 30: Brasil desenvolve inovações para a pecuária sustentável

Raquel Pinho


Especialista mostra que já é possível desenvolver a pecuária e, ao mesmo tempo, mitigar a compactação do solo, neutralizar as emissões de gases de efeito estufa e até aumentar o número de cabeças sem aumentar a área de pastagem

O Brasil está sediando um dos mais importantes eventos mundiais sobre clima e meio ambiente e os olhos de todo mundo estão direcionados para o tema e para o País, que é considerado o celeiro do mundo. A COP30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,  vai até o dia 21 de novembro, em Belém (PA). 

O setor agropecuário brasileiro tem muito a contribuir de forma prática com inovação e tecnologia no combate às mudanças climáticas e preservação ambiental, e já há iniciativas acontecendo no campo. Inclusive, um dos destaques desta semana na Cop 30 foi a apresentação dos dados da Embrapa Territorial, reforçando que o setor tem responsabilidade ambiental. Segundo o estudo,  os produtores rurais brasileiros preservam 29% das matas nativas do Brasil dentro das propriedades.  Para cada hectare dedicado à agropecuária, há 0,9 hectares de protegido dentro das propriedades e 2,1 hectares de vegetação nativa total.

O  zootecnista especializado em produção de ruminantes e pastagens, Oswaldo Stival Neto, destaca as contribuições reais do agro que vão ao encontro das demandas ambientais mundiais. Um exemplo é o capim Tifton 85, que vem se tornando mais conhecido pelo pecuarista brasileiro nos últimos anos.

Resultado do cruzamento de uma gramínea de clima temperado dos EUA com uma de clima tropical da África, esta pastagem, criada em 1992 nos Estados Unidos, tem maior quantidade de matéria seca (alimento) por hectare e mantém cobertura densa que protege o solo contra a erosão, diferente das touceiras de outras pastagens. Além disso, ela oferece ao gado, cerca do dobro do valor nutritivo que o capim braquiária, que é mais comum nas fazendas brasileiras. 

Segundo o zootecnista, estudos internacionais revelam que o Tifton 85 tem o potencial de sequestrar cinco vezes mais carbono do que as demais forragens, devido à sua cobertura vegetal. No Brasil, pesquisas também já mostram os resultados. Estudo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) apontou que algumas espécies de pastagens perenes, como o Tifton 85, podem ter raízes que ultrapassam 2 ou 3 metros de profundidade. Quando manejadas corretamente, essas plantas têm potencial de remover até 3,79 toneladas de CO2eq (dióxido de carbono equivalente) por hectare a cada ano. 

“Apesar de ser uma pastagem desenvolvida desde os anos 1990, a forma de plantio por rama, utilizada inicialmente no Brasil não foi eficiente. Mas, nos últimos anos, o desenvolvimento de uma nova técnica de plantio para mudas, criada por brasileiros, vem trazendo maior efetividade para sua implantação", diz Oswaldo Stival Neto, que hoje dedica-se a cultivar as mudas matrizes, promover seu melhoramento genético e depois transportar para os pastos e realizar seu plantio de forma similar ao de tomate ou batata, usando plantadeiras.  

Na visão de Oswaldo Stival Neto,  os agropecuaristas estão abertos a se adequar às demandas ambientais, até mesmo para manter a perenidade de seu negócio.  “O agropecuarista deseja fazer o uso sustentável da terra, basta apontarmos o caminho. É importante desenvolvermos uma agricultura e pecuária sustentáveis, com impacto positivo real e direto”, observa ele, que já está levando esta tecnologia de Goiás para o Brasil inteiro.

Mais sequestro de carbono, menos aquecimento global

Por todas as suas características, o capim Tifton 85  ajuda o setor a combater um de seus principais gargalos ambientais, que é o de mitigar a compactação do solo, perda de biodiversidade e aumento das emissões de gases de efeito estufa decorrentes da pecuária. Oswaldo explica como ocorre a fisiologia da gramínea, permitindo assim tais resultados.

“O Tifton 85 tem uma característica de crescimento estolonífero, ou seja, ele fecha o solo por estolões, cobrindo toda a área, não deixando o solo exposto, diferentemente de outras pastagens que formam touceiras, que deixam espaços descobertos no solo. É como se criasse um colchão por cima do solo, promovendo maior infiltração das águas da chuvas, o que evita que material esterco contamine os mananciais”, explica ele sobre a contribuição da planta para amenizar a poluição dos rios e córregos. 

Ele explica que existe todo um ecossistema que se beneficia. Como a regeneração do solo  ocorre constantemente, a partir do momento que as fezes dos animais ficam no solo, as folhas que vão caindo da boca do boi, vai criando uma palhada que se transforma em matéria orgânica, contribuindo para o novo perfil de solo.

Outro detalhe importante é que além de sequestrar, ele retém mais o carbono no solo, fixando-o ali. “Todo o carbono sequestrado vai para as raízes e para a microbiota do solo. E a partir do momento que temos mais matéria orgânica, também temos maior vida microbiana, microrganismos estes feitos basicamente de carbono, que gera uma fixação melhor do carbono no solo”, explicou. 

Outra vantagem da pastagem é a diminuição da necessidade de desmatamento para aumento de produtividade na pecuária. Oswaldo Stival Neto destaca que ela oferece cerca do dobro do valor nutritivo que o capim braquiária, que é mais comum nas fazendas brasileiras. Com isso, resume o pecuarista, é possível saltar da média de uma para sete cabeças por hectares e uma produção média de 40 arrobas por hectare sem o uso de ração, o que contribui para aumentar a produtividade sem necessidade de desmatamento. 

“Usando tecnologias corretas, o País conseguiria atender a demanda global de um aumento de 50% na produção de proteína animal utilizando apenas 20% de sua área de pastagem atual", calcula o especialista. 


 

 

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Mudas do capim Tifton 85
Mudas do capim Tifton 85
Divulgação
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O zootecnista Oswaldo Stival Neto
O zootecnista Oswaldo Stival Neto
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Campo coberto com a pastagem Tifton 85
Campo coberto com a pastagem Tifton 85
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Campo coberto com a pastagem Tifton 85
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Divulgação

 

 

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