18/11/2025 12h37
Crescimento de 6x no consignado privado abre nova corrida por fidelização e receita recorrente
Modalidade com desconto em folha avança além dos bancos e abre oportunidade bilionária para empresas de diversos setores
O mercado de crédito consignado privado no Brasil, estimado em R$ 50 bilhões atualmente, tem potencial de crescer seis vezes nos próximos cinco anos, atingindo R$ 300 bilhões.
A modalidade permite a concessão de empréstimos com desconto em folha a trabalhadores do setor privado e, embora já conte com a entrada de players não bancários, como fintechs e plataformas especializadas, ainda há muito espaço para expansão. A oportunidade é agora, especialmente para empresas que desejam ampliar relacionamento e fidelização de clientes com produtos financeiros próprios.
Segundo Juliana Freitas, CEO e cofundadora da Bull, fintech especializada em soluções de crédito, o crédito consignado oferece vantagens tanto para trabalhadores quanto para empresas. Para os empregados, as condições mais favoráveis - incluindo taxas de juros mais baixas e garantia de pagamento via desconto em folha - tornam a modalidade atrativa. Para as empresas, disponibilizar crédito pode aumentar o engajamento e fidelização de clientes.
“É um mercado que tende a crescer exponencialmente, mas que exige conhecimento técnico e estrutura adequada.”, afirma Freitas.
Por que o produto ainda é pouco explorado?
O crédito consignado privado é uma modalidade relativamente nova - lançada em março de 2025. Segundo Juliana Freitas, muitas empresas que possuem uma base relevante de clientes pessoa física ainda não têm pleno conhecimento do produto e da oportunidade que ele representa para engajar e rentabilizar sua base de clientes.
Barreiras regulatórias e complexidade operacional
Apesar do interesse, diversas empresas encontram obstáculos para lançar o produto. É necessário desenvolver sistemas específicos de concessão e gestão de crédito, obter autorizações do Banco Central, buscar funding para sustentar as operações e manter estruturas de compliance e reporte a órgãos como a Dataprev.
“Mesmo empresas interessadas esbarram em barreiras de tecnologia, regulação e operação, que tornam o processo caro e demorado”, comenta José Pires Neto, COO da Bull. “Sem parceiros especializados, abrir uma operação de crédito pode levar cerca de um ano.”
Empresas de diferentes segmentos - como varejistas, plataformas de benefícios, RHs, fintechs e até operadoras de saúde - podem aproveitar suas bases de clientes ou colaboradores para ofertar crédito de forma estruturada e segura. Além de gerar novas receitas, o modelo permite fortalecer o relacionamento com o público, ampliando o engajamento e a fidelização.
Hoje, o mercado ainda é dominado por grandes bancos e instituições financeiras especializadas, mas novos players - incluindo fintechs e empresas de tecnologia financeira - começam a ocupar esse espaço, impulsionando a competitividade e trazendo inovação ao setor.
Tecnologia como diferencial estratégico
A digitalização e o uso de inteligência artificial ajudam a reduzir a inadimplência, otimizar precificação e personalizar crédito conforme perfil do cliente. Modelos de crédito inteligentes permitem ajustes de prazo, volume e taxa, aumentando a segurança da operação e a rentabilidade.
“Com IA, é possível testar mais variáveis, otimizar aprovação x risco e ajustar condições do crédito para cada perfil de cliente e canal de originação”, explica José Pires Neto.
Oportunidade de fidelização e novas receitas
Além do ganho financeiro, oferecer crédito estruturado fortalece a relação com clientes. Empresas podem apenas originar crédito e receber uma taxa ou evoluir para financiar diretamente as operações via veículos como FIDCs e securitizadoras, participando da receita gerada.
“Quando a empresa oferece crédito estruturado e seguro, aumenta o vínculo com o cliente, que tende a permanecer mais tempo e consumir mais produtos e serviços”, afirma Juliana Freitas.
O potencial de crescimento e a oportunidade de criar ecossistemas de serviços reforçam a tendência de empresas buscarem novos produtos para fidelizar clientes e ampliar receita recorrente.




