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Com salários de até R$ 7 mil, colheita de laranja deve ampliar vagas em MS


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15/12/2025 08h20

Com salários de até R$ 7 mil, colheita de laranja deve ampliar vagas em MS

Governo avalia que indígenas poderão suprir a demanda para trabalhar em área de até 100 mil hectares em 2030

Por Cassia Modena


 A colheita de laranja em 230 hectares é feita uma vez por ano na Fazenda Paraíso, que fica em Três Lagoas. A quantidade de funcionários para atender à demanda precisa dobrar nessa época e chega a 80. A maior parte deles vem do Nordeste.

 
 
Trabalha na propriedade com carteira assinada Francisco Paulino Felix, de 61 anos. Ele cuida da irrigação atualmente, mas já fez colheita. Mora em Paraíso (SP), cidade que dá nome à fazenda e de onde proprietários fugiram do greening, bactéria que é a pior praga para os laranjais e que ainda hoje provoca perdas maiores que 40% em toda a produção dos citricultores paulistas.
 
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O plantio na Paraíso começou em 2007, quando praticamente não havia lavouras de laranja em Mato Grosso do Sul. Os primeiros pomares ainda estão enraizados e superam 4 metros de altura. Os mais novos são mais baixos, melhores de manejar na colheita e mais resistentes porque o enxerto utilizado parte de uma técnica mais moderna.
 
 
Ainda que o tamanho dos novos pés de laranja ajude, tem o sol forte de Três Lagoas para castigar. Francisco e outros trabalhadores como Domingos Anjos da Silva, de Alagoas (RS), contratado como serviços gerais, têm manchas na pele. A fazenda fornece protetor solar, água, isotônico e soro, além de EPI (Equipamento de Proteção Individual) para proteção.
 
 
O empregado paulista já trabalhou em laranjais e em uma usina de São Paulo. Hoje, é um dos funcionários mais antigos da fazenda. “Trabalho é responsabilidade. Você pega um serviço e tem que ter responsabilidade de assumir”, diz ele.
 
Francisco mexe em painéis eletrônicos na maior parte do tempo, mas precisa usar força física de vez em quando. “Arrebenta cano, tubulação, porque aqui tem ema e cachorro-do-mato que furam. Eu cavo e faço o conserto”, conta.
 
Com salários de até R$ 7 mil, colheita de laranja deve ampliar vagas em MS
Francisco Felix é de São Paulo e um dos empregados mais antigos da fazenda (Foto: Marcos Maluf)
Ele e o colega alagoano viajam para rever a família a cada trinta dias, geralmente após a data de pagamento do salário. As passagens de ônibus são entregues pelos donos da fazenda. Ficam até quatro dias em casa e voltam para o trabalho. Os que não são contratados por período determinado têm direito a férias.
 
Faixa salarial - Hoje, a função com a maior remuneração na fazenda é a de colheitador, ficando entre R$ 5 mil e R$ 7 mil a depender da produção, afirma o engenheiro agrônomo e administrador da fazenda, Eduardo Garbin Sgobi.
 
Até então, apenas homens foram contratados para a colheita. Ultimamente, os interessados têm vindo da Bahia, segundo a esposa de Eduardo e também engenheira agrônoma, Maysa Trajano. Ela trabalha com a família e faz desde gestão de pessoas até outras tarefas administrativas.
 
 
Com o microfone na mão, Eduardo guia grupo de visitantes entre os laranjais durante visita técnica (Foto: Marcos Maluf)
Outra função possível é a de tratorista, que paga R$ 3,5 mil mensais e já teve uma mulher contratada. Demais vagas ligadas aos laranjais oferecem salários de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil.
 
 
Rotina - A jornada de trabalho é de 8 horas diárias, de segunda a sexta-feira. O horário de entrada e saída é marcado por biometria facial.
 
Por ganharem por produtividade, os temporários podem negociar trabalhar aos sábados em períodos de pomares cheios. Eles recebem férias e 13º salário proporcionais quando a colheita termina e são dispensados depois.
 
Com salários de até R$ 7 mil, colheita de laranja deve ampliar vagas em MS
Parte dos alojamentos onde os empregados dormem (Foto: Marcos Maluf)
A taxa de rotatividade é pequena, afirma Maysa. "De 22 contratados na última colheita, só dois desistiram. Não tinham preparo", diz. O calor foi o motivo da desistência. Uma entrevista por vídeo é feita antes da contratação, com conversa que inclui assuntos como as altas temperaturas.
 
 
O gerente, Jairo Lima, admite que a fazenda já respondeu a ações trabalhistas na Justiça no passado. A opção pela contratação direta e “regras rígidas” foram soluções para evitar novos casos. Maysa explica que essas normas são sobre situações como horas extras e só deixar bebidas alcoólicas entrarem na fazenda aos finais de semana, por exemplo.
 
Os trabalhadores ficam em alojamentos individuais que uma faxineira limpa todos os dias. Têm direito a quatro refeições diárias feitas por cozinheiras que seguem um cardápio enviado para os funcionários. Os uniformes são lavados pela equipe da fazenda.
 
Com salários de até R$ 7 mil, colheita de laranja deve ampliar vagas em MS
Homem corta laranja colhida na fazenda (Foto: Marcos Maluf)
Eduardo, Jaime e Maysa afirmam que reconhecem nos empregados o principal núcleo que mantém a fazenda funcionando. O administrador acrescenta que, para atender ao futuro aumento das lavouras da Paraíso, estudam erguer casas para famílias de trabalhadores morarem.
 
 
Mecanização e mão de obra indígena - Com a expectativa da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), de os pomares de laranja saltarem dos atuais 15 mil hectares para 100 mil hectares até 2030, a mecanização da colheita e a contratação nas comunidades do próprio Estado são vistas como possibilidades de suprir a demanda.
 
"Primeiro, existe a estratégia de buscar a mecanização desse processo. Ele não existe hoje ainda, mas o Brasil inteiro está procurando mecanização exatamente pelo volume de mão de obra. O segundo ponto que nós estamos tratando é a retenção da mão de obra indígena em Mato do Sul. Hoje, a gente manda anualmente em torno de 4 mil indígenas que vão para Santa Catarina e para o Rio Grande para colheita de maçã. No município de Sidrolândia, onde a citricultura está, nós já iniciamos esse trabalho da contratação dos indígenas", detalhou o secretário.
 
Com salários de até R$ 7 mil, colheita de laranja deve ampliar vagas em MS
Titular da Semadesc, Jaime Verruck fala durante evento sobre citricultura (Foto: Marcos Maluf)
O Estado tem mais 40 mil hectares em implantação, distribuídos em municípios como:
Sidrolândia, Campo Grande, Terenos, Ribas do Rio Pardo, Dois Irmãos do Buriti, Aparecida do Taboado, Cassilândia, Três Lagoas, Bataguassu, Paranaíba, entre outros.
 
 
A reportagem esteve na Fazenda Paraíso à convite da Semadesc, durante visita técnica prevista no evento MS Citrus Summit. 
 
 




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