- mell280
14/02/2025 15h35
Após onda de calor extremo, aumento da umidade deve recuperar lavouras de soja e milho no Sul do Brasil
Áreas semeadas tardiamente devem ser beneficiadas com melhora das condições climáticas
A onda de calor extremo e a distribuição irregular das chuvas impactaram as lavouras de soja e milho em diversas regiões do Brasil. Segundo levantamento da EarthDaily Agro, empresa especializada no monitoramento de áreas agrícolas com uso de dados de satélite, os efeitos variam conforme a localização e o estágio fenológico das culturas, mas há previsão de melhora das condições climáticas nos próximos 14 dias.
Em dois períodos avaliados pela empresa – últimos 10 dias e, também, 30 dias - permaneceram acima da média em diversas regiões do Centro-Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde os termômetros registraram entre 2ºC e 5ºC acima da normalidade. Esse cenário agravou a preocupação com o potencial produtivo das lavouras de verão no estado. O índice de vegetação (NDVI), que mede o vigor e a saúde das lavouras, está abaixo da média no Rio Grande do Sul desde o início do ano, indicando condições adversas. No entanto, a previsão de aumento da umidade do solo pode contribuir para a recuperação das lavouras semeadas tardiamente. A EarthDaily Agro estima produção de soja em 16,5 milhões de toneladas para o Rio Grande do Sul.
Já em Santa Catarina, o NDVI segue um padrão semelhante ao da temporada anterior, com valores até superiores, e a precipitação acumulada está dentro da normalidade, afastando o risco de forte quebra de safra. A produção espera de soja estimada é de 2,95 milhões de toneladas.
No Paraná, o NDVI tem mostrado evolução positiva nos últimos dias, refletindo a melhora das condições hídricas e reduzindo o risco de uma quebra de safra mais intensa que no ciclo anterior. O Paraná deve produzir cerca de 19,1 milhões de toneladas de soja.
Nos estados de Mato Grosso, Paraná e São Paulo, o volume de precipitação acumulada variou entre 60 e 140 milímetros, dificultando a colheita da soja e o plantio do milho safrinha, especialmente em Mato Grosso. Por outro lado, em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais as chuvas ficaram abaixo da média, o que favoreceu a colheita, mas manteve as lavouras de verão plantadas tardiamente sob estresse hídrico.
No Mato Grosso do Sul, após um período de declínio nos indicadores, os valores atuais se aproximam dos registrados na safra passada, evidenciando uma recuperação parcial, embora as perdas decorrentes da seca de janeiro ainda sejam significativas. Em Goiás, os índices têm evoluído positivamente desde o início do ciclo, com produtividade estimada em 82,3 sacas por hectare, superando a marca de 2022.
Previsão climática e impactos nas operações de campo
A previsão climática para as próximas semanas indica que as chuvas devem permanecer abaixo da média na maior parte do país, o que poderá favorecer a colheita da soja e o plantio do milho safrinha. No Rio Grande do Sul, contudo, a expectativa é de precipitações acima da média, o que pode contribuir para a recuperação das lavouras de verão mais tardias.
No que se refere às temperaturas, o modelo europeu (ECMWF) prevê valores acima da média nos próximos 10 dias para grande parte do território nacional, enquanto o modelo americano (GFS) aponta leve declínio térmico em Mato Grosso. Para o curto prazo, essas oscilações não devem impactar significativamente as lavouras do Centro-Oeste.