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Nos hospitais, crianças não perdem o sorriso e transformam a dor em fé


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12/10/2025 09h10

Nos hospitais, crianças não perdem o sorriso e transformam a dor em fé

Enquanto a data é sinônimo de brincadeiras para muitos, para alguns pequenos a realidade é de luta pela vida

Por Clayton Neves


 Enquanto muitos comemoram o Dia das Crianças com brincadeiras e presentes, algumas crianças vivem a realidade de luta pela vida, mesmo com tão pouca idade. São dias inteiros em consultas, exames e tratamentos para enfrentar doenças graves que exigem coragem e fé.

 
 
Pacientes do setor de nefrologia pediátrica do HU (Hospital Universitário) de Campo Grande, Allifer, Eloísa e Carlos Eduardo, junto às suas famílias, se unem para transformar, todos os dias, o sofrimento em resistência e esperança. Cada sessão de tratamento, cada viagem a outro estado ou cidade e cada limitação física são enfrentadas pelas crianças com força, fé e admiração dos adultos que as acompanham.
 
 
Allifer Matheus, de 14 anos, enfrenta, desde os seis meses de vida, uma rotina intensa de tratamentos médicos. “Ele era um bebê lindo, gordinho. Começou a emagrecer muito, com febre, e os médicos não sabiam o que ele tinha. Então o diagnosticaram com acidose tubular renal, mas não era essa a enfermidade. A doença dele era mais grave”, explica a mãe, Jossiane Bezerra, de 40 anos.
 
 
“Ele chegou a fazer 17 cirurgias. Uma época ele fazia hemodiálise todos os dias, das 7h às 11h, fosse frio, chuva ou sol. Às vezes até sem condições de vir. Era muito difícil, mas a fé dele sempre foi imensa”, detalha a mãe.
 
O transplante, que mudou a vida do garoto, foi um momento de vitória depois de um ato de fé. “Eu pedi pra minha mãe colocar um bilhete na árvore dos desejos do Bioparque. Pedi um rim e nove dias depois recebi a notícia que meu transplante ia ser feito. Eu senti muita felicidade. Eu estava sofrendo demais”, comenta Allifer.
 
 
Eloísa da Silva Martins, 8 anos: coragem desde os três anos - Eloísa começou a apresentar sintomas aos três anos. Mesmo tão pequena, ela sentia dores nas costas que a faziam gritar de incômodo. “Levei para o UPA, e lá falaram que os exames estavam alterados. Depois fomos para o HU de Dourados, e descobrimos que ela tinha problema renal”, detalha a mãe, Rosângela Maria da Silva.
 
A pequena precisou se adaptar a uma rotina intensa de tratamento. Ela fez diálise peritoneal em casa por um mês e precisou de diálise contínua quando os órgãos começaram a falhar.
 
 
Nos hospitais, crianças não perdem o sorriso e transformam a dor em fé
Hospital Universitário fez ação em homenagem ao Dia das Crianças. (Foto: Henrique Kawaminami)
“A gente sai da nossa cidade às 3h da manhã para vir para Campo Grande. Ela entra às 7h e sai às 11h e depois pegamos estrada para voltar para casa. É cansativo, mas ela nunca reclamou. É muito carinhosa e guerreira. Eu admiro muito isso nela. Lutamos juntas; eu dou apoio e ela também. Quero vê-la viva e bem”, conta a mãe.
 
Eloísa também enfrentou complicações graves: três AVCs em sequência, deixando a família ainda mais alerta. “Tem hora que a gente sofre tanto que dá vontade de desistir de tudo. Mas não desisto porque é dela. Ela precisa. E ela tem força, coragem e alegria que nos inspiram”, avalia Rosângela.
 
 
Carlos e a mãe, Karine, estão na fila aguardando um transplante de rim. (Foto: Henrique Kawaminami)
Com Carlos Eduardo, de 13 anos, a história de luta foi igual. O menino apresentou os primeiros sintomas aos seis meses. “Ele vomitava sem parar, gemia de dor. Corria de médico em médico. A princípio, tratávamos em Sidrolândia, mas os exames estavam muito alterados. Tive que trazê-lo para Campo Grande, onde veio o diagnóstico”, descreve a mãe, Karine Cuevas Fernandes.
 
 
Carlos iniciou diálise peritoneal diária em casa, por 10 horas, usando bolsas de glicose que substituem o trabalho do rim. O coração também trabalha com 27% da capacidade e, apesar das limitações físicas, Carlos mantém a fé.
 
Nos hospitais, crianças não perdem o sorriso e transformam a dor em fé
Flávia, enfermeira do HU, diz que crianças enfrentam tratamento com maturidade e fé. (Foto: Henrique Kawaminami)
“Ele tem uma fé muito impressionante. É educado, bonzinho, não reclama e enfrenta tudo com coragem. Para mim, nada do que faço é difícil perto do que ele passa. Já teve situações de eu entrar em desespero e ele falar pra mim que tinha conversado com Deus, que Ele iria curá-lo”, destaca.
 
A enfermeira Flávia Nantes Fausto, do setor de nefrologia pediátrica do HU (Hospital Universitário), acompanha de perto a garra das crianças que fazem tratamento na unidade.
 
 
“Algumas crianças ficam internadas por meses; sofrem restrições de líquidos e alimentação, mas são muito alegres. Lidam com maturidade maior que a de um adulto”, afirma.
 
Nos hospitais, crianças não perdem o sorriso e transformam a dor em fé
Crianças ficam internadas meses e sofrem restrições de líquidos e alimentação. (Foto: Henrique Kawaminami)
Segundo ela, no dia a dia do hospital, os pedidos são simples. “Muitos pedem para ir à piscina ou ao pulapula, o que não podem fazer. Mas sempre tentamos tornar a rotina leve e divertida”, explica.
 
Sobre os pais, Flávia reforça: “Em geral, a mãe abdica de tudo, deixa de trabalhar e cuida do filho 24 horas por dia. São crianças que tomam muita medicação em casa, exigindo monitoramento constante. É um cuidado intenso e exclusivo”, finaliza.
 
 
 
 




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