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13/10/2025 18h41
MS diversifica mercados, dribla tarifaço e garante superávit comercial em 2025
Governo estadual aposta na reaproximação entre Lula e Trump para recuperar mercado norte-americano
Por Viviane Monteiro, de Brasília
Os exportadores de Mato Grosso do Sul conseguiram compensar a queda de 9,06% na receita registrada com os principais produtos vendidos aos Estados Unidos nos primeiros nove meses deste ano, de janeiro a setembro, ao manter a China como principal destino e redirecionar embarques para outros mercados, como Itália, Argentina, Uruguai, Chile, Turquia e Argélia.
Reflexo do tarifaço norte-americano, iniciado em abril e agravado em agosto, a receita das exportações sul-mato-grossenses para os EUA caiu para US$ 426,187 milhões entre janeiro e setembro, 9,06% abaixo dos US$ 471,427 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Os dados constam do mais recente levantamento da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
A quantidade de produtos embarcados também recuou 18,2%, passando de 583,341 mil toneladas para 477,241 mil. Apesar de continuar sendo o segundo principal destino das exportações do Estado, a participação dos Estados Unidos nas vendas externas de Mato Grosso do Sul caiu de 6,02% para 5,21%.
Mesmo assim, o desempenho geral do comércio exterior do Estado foi positivo nos primeiros nove meses deste ano. Ou seja, as exportações totais cresceram 4,35%, somando US$ 8,172 bilhões, ante US$ 7,831 bilhões em igual período de 2024. O superávit da balança comercial estadual somou US$ 6,34 bilhões, alta de 10,84% sobre o mesmo intervalo do ano passado.
Retomada
Contrariando o tarifaço dos EUA, as vendas de carne bovina fresca – setor mais impactado pelo tarifaço do governo Donald Trump – embora seja o terceiro item da pauta exportadora do Estado – liderou a taxa de crescimento entre 10 segmentos pesquisados. A receita das exportações de carne superou a barreira bilionária ao totalizar R$ 1,3 bilhão, 47,7% acima dos US$ 880,7 milhões registrados entre janeiro e setembro do ano anterior. As exportações no período são lideradas pela celulose e soja, respectivamente.
Para o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, embora as exportações para os EUA tenham recuado nos primeiros nove meses de 2025, o impacto foi concentrado em agosto.
“Esse foi o período de maior efeito das incertezas sobre o aumento tarifário. Em setembro já houve retomada, com alta de 4,5% nas exportações totais. O resultado reflete pontualmente as tarifas norte-americanas, mas o impacto tem sido limitado pela diversificação da pauta exportadora”, explicou ao Campo Grande News.
Segundo ele, parte das vendas foi redirecionada para mercados da Ásia, América do Sul e Oriente Médio, inclusive com operações indiretas via intermediários comerciais, prática comum no comércio exterior quando há barreiras tarifárias.
“O comércio exterior envolve uma combinação de fatores econômicos, políticos e diplomáticos. O Estado tem mantido um desempenho consistente mesmo diante das mudanças, sustentado pela diversificação dos produtos e dos mercados”, afirmou.
A expectativa é de retomada nas vendas aos Estados Unidos, impulsionada pelos sinais de reaproximação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Donald Trump.
“A diplomacia entre os países é fundamental para o equilíbrio das relações comerciais, e os sinais de reaproximação entre Brasil e Estados Unidos são positivos”, avaliou Verruck.
O secretário acrescenta que o governo de Mato Grosso do Sul acredita que o diálogo e a cooperação devem prevalecer, criando um ambiente mais estável e previsível para os exportadores.
“Mantido o atual cenário, sem novas mudanças nas políticas comerciais internacionais, o Estado deve encerrar 2025 com resultados positivos”, estimou.
Os primeiros meses de 2025 têm sido marcados por uma escalada comercial entre economia e política, até os recentes sinais de distensão diplomática entre Brasil e EUA — marcados pelo “rolou o clima” de Trump a Lula durante o primeiro encontro entre as duas lideranças, na reunião da ONU (Organizações das Nações Unidas).
O maior tarifaço norte-americano contra o Brasil, de 50%, entrou em vigor em 6 de agosto, poucos dias após a divulgação, no fim de julho, de uma lista com 694 itens isentos, que atenuou parcialmente os impactos. A primeira fase do aumento tarifário havia sido iniciada em abril, quando Trump impôs uma tarifa de 10% sobre uma ampla lista de produtos brasileiros exportados aos EUA.
As exportações de Mato Grosso do Sul seguem a tendência nacional. Entre os 20 produtos brasileiros mais exportados entre agosto e setembro para os EUA – alvos do tarifaço –, em quase metade deles (ou seja, nove) as vendas para os EUA caíram. Embora o Brasil tenha perdido US$ 375,5 milhões de receita com a queda de exportação ao mercado norte-americano nos nove itens, os mesmos produtos resultaram em US$ 1,25 bilhão de receita a mais no comércio com outros mercados, conforme informou o jornal Valor Econômico com base em dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).
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