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hanush Dinesh destaca escalabilidade e pesquisa como forças do país ante distanciamento dos EUA no clima


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07/11/2025 08h02 - Atualizado em 07/11/2025 10h12

hanush Dinesh destaca escalabilidade e pesquisa como forças do país ante distanciamento dos EUA no clima

Diego Zerbato


 Brasil tem potencial para liderar agropecuária sustentável, diz fundador da Clim-Eat

Dhanush Dinesh destaca escalabilidade e pesquisa como forças do país ante distanciamento dos EUA no clima

O Brasil tem o potencial de liderar uma agropecuária mais sustentável no momento em que as mudanças climáticas ficam em segundo plano nos EUA e o apoio internacional diminui, afirma Dhanush Dinesh, fundador e chief climate catalyst da Clim-Eat, organização de defesa de uma agricultura climaticamente inteligente.

Para Dinesh, o país possui capacidade comprovada de desenvolvimento de pesquisas e de escalar mudanças rapidamente. Ele é um dos anfitriões da Global CSA Conference, evento preparatório para a COP30 organizado pela Clim-Eat, em colaboração com os ministérios da Agricultura do Brasil e dos Países Baixos e a UnB (Universidade de Brasília).

 

Veterano de nove COPs, Dinesh afirma que a conferência, que termina nesta sexta-feira, é o espaço para reunir as tecnologias e pesquisas desenvolvidas para mitigar os efeitos da agropecuária nas mudanças climáticas. Assim, será possível enviar soluções práticas para as discussões em Belém. “Queremos entrar nos detalhes”, disse. 

Leia mais abaixo:

Que resultado podemos esperar deste evento? Qual é o resultado ideal que você gostaria de ver após esses 3 dias?

O principal resultado é levar algo específico para a COP30. Queríamos trazer pessoas para Brasília e tornar a COP mais acessível. É uma conferência científica, então é especialmente focada em pesquisa científica, mas também conectando com formuladores de políticas públicas e investidores. E juntos podemos alcançar o que chamamos de acordos. E essas são coisas concretas, para que possamos ir a Belém e dizer: "Ok, nos reunimos aqui em Brasília, podemos oferecer essas coisas".

Que mensagem você gostaria de levar para a COP30 em termos de Agricultura Climaticamente Inteligente? Existem expectativas de um resultado positivo?

Para mim, o termo Agricultura Climaticamente Inteligente não é importante. O que eu quero mostrar na COP30 é que temos soluções. Temos esses três temas, por exemplo, saúde do solo e nutrição de plantas. Sabemos que os fertilizantes representam 2% das emissões globais. Mas também temos muitas novas tecnologias e inovações para produzir fertilizantes de maneiras diferentes. Da mesma forma, olhamos para a próxima geração de culturas, que são mais resilientes, então quando a temperatura sobe, elas ainda podem ser manejadas. Mas também existem culturas, por exemplo, que podem colocar mais carbono no solo. E também há inovações científicas na pecuária. Existem aditivos que você pode dar para as vacas, e elas emitem menos.

Essas inovações são principalmente científicas. Mas na COP30, eles vão negociar sobre palavras e coisas assim. Então o que queremos fazer é dizer: aqui estão as soluções, muito concretamente. Essas são algumas opções. Aqui estão as pessoas trabalhando nisso. Aqui estão as pessoas dispostas a ajudá-lo a desenvolvê-las ainda mais. Então, aqui está a solução que você pode adotar.

Qual é o principal desafio que você vê para a Agricultura Climaticamente Inteligente ter um impacto real? Existem exemplos de possíveis soluções neste evento?

Trabalho no setor há mais de 10 anos e descobri que o sistema funciona para algumas pessoas. Todos temos comida, felizmente, a maioria de nós. E o sistema alimentar está funcionando. Mas funciona melhor para algumas pessoas do que para outras. O poder está concentrado em algum lugar, e os incentivos estão com algumas pessoas. Então, de alguma forma, precisamos mudar onde está o poder, onde estão os incentivos e onde está o dinheiro. E então as soluções vão escalar. É um pouco como a indústria de combustíveis fósseis. Eles ainda estão lá, o negócio deles é vender petróleo ou derivados, e eles vão continuar fazendo isso. E eles não têm incentivo para se afastar disso. Então, é o mesmo com a alimentação. Portanto, a única maneira de lidarmos com isso é desenvolver novos sistemas que cresçam o suficiente e competam com o antigo sistema.

No seu discurso de abertura, você mencionou os desafios do cenário geopolítico atual. Você vê o Brasil liderando o caminho em algumas dessas discussões?

O que tenho visto é que desde que o presidente Trump foi eleito, o cenário geopolítico mudou. As pessoas que tentam agir estão sendo penalizadas. Ninguém quer ir contra o presidente e prejudicar sua reputação. Então, vemos menos liderança desde que isso aconteceu. E também há menos dinheiro no sistema. O Reino Unido, a Alemanha, todas as grandes organizações de ajuda cortaram orçamentos também. Muitas ONGs dependiam desse dinheiro. É realmente desafiador fazer algo nesse espaço.

Acho que há muitas oportunidades para o Brasil mostrar liderança. É por isso que houve tanto interesse em Belém, porque a liderança não vai vir dos EUA ou de alguns dos grandes players tradicionais. Então, tem que haver uma nova liderança. Pode vir do Brasil, pode vir do grupo BRICS. Mas o Brasil também tem que mostrar essa liderança. Vimos muitos sinais, mas só depois da COP saberemos se o Brasil vai ter sucesso.

Quando você olha para países que fizeram isso bem, a Costa Rica é geralmente o melhor exemplo. Porque eles têm uma política de descarbonização, fizeram muito internamente. E mesmo sendo pequenos, são muito bons em defesa e na ONU, são muito influentes. Então, acho que diplomaticamente e domesticamente, eles são os líderes, eu diria. Na América Latina, talvez no mundo. Mas em escala, eles são tão pequenos. Então a questão é: você pode trazer esse tipo de pensamento da Costa Rica para uma escala maior, como Brasil, Índia ou China? Isso não aconteceu até agora. E se o Brasil fizesse isso, seria brilhante.

O Brasil é uma potência global na agricultura e nos negócios relacionados a ela. O que o Brasil tem a oferecer para a discussão global sobre Agricultura Climaticamente Inteligente?

O Brasil tem muito a oferecer. O Brasil tem o tipo de arquitetura que, se você quer fazer algo, pode fazer rapidamente e em grande escala. E há a expertise.

O Brasil tem capacidade de pesquisa interna; ele tem os mercados e sistemas para escalar rapidamente. Então, pode ser feita [mudança real, impacto]. Hoje, na conferência, eles mencionaram o ABC+. O Brasil está mostrando liderança, e acho que pode fazer ainda mais.

 

Dhanush Dinesh, fundador e chief climate catalyst da Clim-Eat
Dhanush Dinesh, fundador e chief climate catalyst da Clim-Eat
Divulgação/Clim-Eat
 




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